Cronologia
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Scylla Vieira Duarte, com seu jeito forte e meigo, nasceu dia 23 de novembro de 1923, em Sacramento (MG). Inteligente desde a infância, ela sempre falava que gostaria de ser médica quando crescesse.
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Nascida em uma família mineira, a mãe de Scylla, Ruth Duarte, seguiu uma tradição regional de fazer um acróstico com o nome dos herdeiros. O mais especial foi a frase que ela fez com as iniciais dos nomes dos filhos, que juntas formaram: Deus é bom.
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Scylla, na sua infância, participava de saraus litero-musicais e, nesta época, ela foi apresentada ao piano. Era aluna da exímia pianista Haydée Menezes, com quem aprendeu a tocar o instrumento que a acompanhou por toda a vida. Enquanto tocava, o som refletia a alegria que ela sentia.
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Quando Scylla estava em São Paulo, na faculdade de medicina, ela olhou para um moço que se chamava Paulo e desde o início ela soube que se casaria com ele.
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Com muito amor, admiração e um vestido lindo com um véu 12 metros, eles se casaram no dia 17 de janeiro de 1948, antes mesmo de se formarem.
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Os dois eram muito apaixonados um pelo outro. Viveram juntos por 52 anos, atravessaram épocas, transformaram em realidade os sonhos que criaram juntos, fazendo das suas vidas um verdadeiro legado.
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Fruto deste amor e desta união, Scylla, aos 25 anos, deu à luz a primeira filha do casal: Cristina. Quando Cristina nasceu, Scylla estava fazendo residência com o professor e doutor Domingos Delascio, que era o melhor ginecologista da época, no Brasil. Já Paulo Prata, estava fazendo doutorado.
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Formada em medicina, com especialidade em ginecologia e obstetrícia, Scylla sempre esteve à frente do seu tempo e tinha uma vontade muito grande de ajudar outras mulheres. Assim, Scylla e Delascio resolveram fazer exames preventivos para o câncer de colo uterino e de endométrio, algo ainda pouco difundido no país, tornando-a pioneira na área.
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Com o tempo, a família cresceu! Scylla e Paulo tiveram cinco filhos: Cristina, Paulo, Henrique, Beatriz e Clarice. Mesmo com a rotina de médica, Scylla se dedicava a cuidar dos filhos. Antes de sair de casa, ela garantia que os filhos tomassem um café da manhã reforçado, para que pudesse trabalhar sabendo que estavam bem alimentados.
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Em janeiro de 1959, a família Duarte Prata veio morar em Barretos (SP) – cidade que já acolhia os pais de Scylla desde a Revolução de 1930. No mesmo ano de sua vinda, ela e Paulo ingressaram como médicos no corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia de Barretos. O casal e os filhos passaram a viver mais próximos dos avós maternos e integraram-se à vida social e cultural da cidade.
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Em 1959, recém-chegados a Barretos, com auxílio financeiro do senhor Antenor, Paulo e Scylla compraram a antiga clínica do Dr. Álvaro Amâncio da Silveira para dar vida ao sonho de Paulo, um hospital geral. Assim, em 24 de março 1962, foi inaugurado o hospital “São Judas Tadeu”, instituição particular que, anos depois, torna-se uma fundação e a unidade inicial do futuro Hospital de Câncer de Barretos, de atendimento público, atual Hospital de Amor. Neste hospital, Scylla era responsável pelo setor de ginecologia e obstetrícia, além de ser centralizar as atividades de administração, finanças e recursos humanos.
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Criada desde a infância em tradição católica, Scylla sempre participou de orações e missas diárias, além de atuações como catequista e cursilhista. Junto ao seu esposo Paulo, também cristão dedicado, ela esteve à frente de cursilhos voltados a mulheres, desde que essa prática chegou a Barretos no final da década de 1960. Nesses encontros, ela falava sobre saúde, espiritualidade, maternidade e casamento. Scylla também participou ativamente das obras da Cidade de Maria, inaugurada em 1981, por meio das suas doações pessoais.
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Outra vertente de Scylla era a sua vida no campo e nas fazendas. Durante a sua infância, ela adorava ir para a fazenda acompanhar seu pai, Antenor Duarte Villela. Quando cresceu, esse amor não mudou, por isso, andar a cavalo era uma de suas práticas preferidas.
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Após a inauguração do hospital São Judas Tadeu, Scylla dividia sua rotina entre o hospital e o seu consultório particular. Durante as reuniões da Casa dos Médicos em Barretos, possivelmente na década de 1980, Scylla era a única médica mulher a participar.
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Em 1966 nasce a ideia de transformar o hospital São Judas Tadeu em uma unidade especializada no atendimento público de pacientes oncológicos. Então, em 1967, é criada a Fundação Pio XII para oficializar a estrutura jurídica e filantrópica da instituição e, em 1968, o atendimento ao câncer passa a ser realidade. Com o tempo, o hospital São Judas Tadeu se tornou pequeno para o atendimento que só crescia. Então, um novo hospital de câncer começou a ser projetado, tornando-se realidade muitos anos depois.
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A partir de 1989, seu terceiro filho Henrique assume a gestão financeira da instituição durante uma grave crise e, poucos anos depois, amplia consideravelmente o hospital em sucessivas inaugurações de pavilhões. Dra. Scylla, inclusive como presidente da Fundação Pio XII, esteve presente em todos esses momentos de crescimento.
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Scylla, além de médica e administradora, por diversas vezes contribuiu financeiramente para salvar o hospital em sucessivas crises. Sua dedicação e doação foram essenciais para a manutenção e crescimento do hospital e assim agia por idealismo, compromisso e confiança no projeto social. Em 6 de dezembro de 1991, acontece a inauguração do Pavilhão Antenor Duarte Villela, em homenagem ao seu pai.
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Conselheiro espiritual da família Duarte Prata, o 2º bispo diocesano de Barretos, Dom Antônio Maria Mucciolo, sempre esteve presente nas realizações familiares e institucionais de Dra. Scylla e Dr. Paulo.
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Com o objetivo de realizar o tratamento oncológico do paciente com humanização e amor, Dra. Scylla e Dr. Paulo estavam sempre presentes no hospital, contribuindo para o crescimento pessoal e profissional de seus colaboradores.
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Além de Scylla e Paulo, outros profissionais de saúde também contribuíram para que o legado de humanização e amor se tornasse forte dentro da instituição. Em 1995, a equipe médica do Hospital de Câncer, era formada por alguns médicos, entre eles: José Carlos Zaparoli, Gilberto de Freitas Colli, Domingos Boldrini, Maria Izilda Previato Simões e José Elias Miziara.
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Após a inauguração do Pavilhão Antenor Duarte Villela, o primeiro Pavilhão de artistas inaugurado foi o da dupla Chitãozinho e Xororó, no dia 14 de dezembro de 1995. Artistas que ajudam ativamente o Hospital de Amor até os dias atuais.
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Aumentando ainda mais o complexo do Hospital de Câncer de Barretos, em 18 de março de 1997 acontece a inauguração do Pavilhão Sérgio Reis.
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Sempre dedicada ao assunto da prevenção do câncer ginecológico e às técnicas inovadoras de cirurgia, Dra. Scylla sempre foi exigente quanto à postura dos colaboradores e médicos, a fim de atender às necessidades sanitárias e cuidados dos pacientes.
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Em 1994, Dra. Scylla – sempre pensando na importância da prevenção do câncer – foi uma professora para a enfermeira Creuza Saure, responsável por colher exames de Papanicolaou em 92% da população barretense com uma bicicleta e uma mesa ginecológica.
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Scylla se dedicava muito ao trabalho, mas não esquecia de cuidar da sua vida pessoal. Sempre ativa, Scylla gostava muito de viajar e de viver novas experiências, muitas delas, foram acompanhadas dos netos.
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Uma das viagens que marcou os netos e a Dra. Scylla foi o Safari. Juntos, eles se divertiram, viram diversos animais e criaram memórias.
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Com a mente sempre aberta, Scylla dava oportunidade aos netos de vivenciar novas experiencias pela primeira vez.
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Outra viagem especial para a Scylla foi por volta do ano 2000, em uma visita ao Vaticano. Neste dia, ela juntamente ao Arcebispo Emérito de Botucatu, Dom Antônio Maria Mucciolo, e a Sra. Angelina Mourão, receberam a benção de V. S. Papa João Paulo II.
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O maior alojamento do Hospital de Amor foi o Madre Paulina, inaugurado em 1991. Após receber a doação de um terreno, o local foi construído para abrigar cerca de 350 pessoas, um projeto idealizado pelo Padre André Bortolamiotti.
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Dra. Scylla era muito competente e admirável, por isso, todas as mulheres queriam ser tratadas por ela. Ela era conselheira, confidente e uma ótima ouvinte. Com o seu profissionalismo e o seu jeito humano de atender os pacientes, ela ensinou muito para os colaboradores enquanto trabalhava no Hospital de Câncer de Barretos, atual Hospital de Amor.
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Gugu Liberato, que foi patrono de um pavilhão inaugurado em julho de 2002, se manteve presente no hospital por diversas vezes. A sua história com a família Duarte Prata já era antiga, pois, a sua mãe Maria do Céu trabalhou para a Scylla ainda em São Paulo.
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Scylla gostava que todos os seus funcionários se sentissem parte da sua família, devido a isto, Henrique Prata – atual presidente do Hospital de Amor e filho da Dra. Scylla – carrega este legado consigo e pensa ativamente no bem-estar de todos os colaboradores da instituição.
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A admiração de Henrique é tão grande pelo seus pais, que, em todas as oportunidades de inauguração e divulgação, ele faz questão de enaltecer a importância de Paulo Prata e Scylla Duarte para todos os colaboradores, os pacientes e população.
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Em 2023, Dra. Scylla completou 100 anos. Um centenário de pioneirismo, profissionalismo, inteligência, religiosidade, humanização e amor. Um evento para celebrar a vida da mulher que vivia sempre a frente do seu tempo, pensando no melhor para o próximo.
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Não apenas implacável no profissionalismo, Dra. Scylla se destaca em um excelente papel de mãe, esposa, filha, irmã e amiga. Scylla não se tornou apenas pioneira em tecnologias e avanços medicinais sobre oncologia, mas também no tratamento humanizado para os pacientes do Hospital de Amor, que sentem esse impacto até os dias atuais. A doutora não está apenas no hospital, ela também está no coração de todos aqueles que acreditam no propósito do Hospital de Amor.